terça-feira, 11 de novembro de 2014

Máquina Enguiçada

Conseguir o que se espera de certas pessoas é como comprar comida em uma máquina enguiçada. Você põe a moeda, cria uma expectativa. Em raras vezes,  a espiral roda, a comida cai no tempo esperado e você sai satisfeito por matar sua fome. Mas, na maioria das vezes nada cai. E você já usou as moedas que tinha. Mas, nada cai. E você fica parado olhando, morrendo de fome, tentando entender o que está errado. Às vezes até se arrisca a sacudir a máquina, empurrar, tentar digitar o número de novo. Algumas vezes isso funciona, outras não. A máquina é totalmente imprevisível e responde apenas aos seus impulsos próprios. Em algumas vezes a espiral roda, mas nada cai. Em outras vezes nada acontece, mas a máquina devolve sua moeda. Você enfia de novo porque está com fome, mas a máquina insiste em cuspir sua moeda de volta. Quando ela não quer, não quer mesmo. Mas, o pior é tudo é quando ela atrasa. Você põe a moeda, a espiral vira mais nada cai. E você tenta de tudo, mexe em tudo, sacode, revira, até finalmente desistir. Irritado, cansado e faminto você lamenta o incidente e a fome que não se foi, e tenta se conformar de que a morda foi perdida e a comida não virá. Mas, quando você já passou pelo estado de aceitação doloroso e já se deu por derrotado, fracassado por completo, eis que a espiral gira um centímetro e libera a comida. Mas, sua frustração é tanta, sua decepção tão grande,  que mal consegue apreciar a comida sem sentir o gosto amargo da arbitrariedade cruel que a trouxe até você. Então, só te resta tentar comer tudo para tentar saciar a fome, mesmo com o nó apertando a garganta e a humilhação de ter que se sujeitar aos vais-e-vens da máquina.

03 de março de 2014

O Livro Fechado

Sinto-me um livro fechado, repleto que palavras que ninguém quer ler. Guardo de mim um mundo inteiro que histórias que ninguém quer ouvir. Vivo uma vida inteira em segredo dentro de mim porque ninguém quer saber. Exponho trechos das minhas loucuras na esperança de que na confusão aglomerada alguém há de querer escutar as vozes do meu coração, as músicas da minha alma. Mas, lágrimas continuam caindo sem que ninguém as veja e mundos inteiros se criam e se extinguem dentro de mim sem que ninguém queira saber. Mesmo na solidão confinada dos meus sonhos e medos ainda sou infinita. Apenas me falta um observador. Apenas me falta um leitor assíduo, um parceiro na dor. O mundo está cheio demais de pessoas muito felizes e satisfeitas. Sei que um dia ela esteve aqui. E que ela nunca soube de mim. Se ela soubesse, talvez não teria feito o que fez. Todos sempre tapam os ouvidos, viram as costas, fingem não ouvir, pulam linhas sem ler, desviam o olhar. Mas, eu estou aqui. E eu li cada palavra e eu entendi cada detalhe. Agora é tarde. Ela nunca saberá. E eu nunca vou saber se um dia alguém vai ler minha alma sem pressa e entender cada canto. Prefiro pensar que talvez sim. Talvez aí esteja um bom leitor. Talvez encontre eu um bom leitor. Talvez eu não esteja aqui para ver. Queria que ele pudesse em ler agora. Mas, o leitor lê a hora que quer. Resta-me essa solidão e esperança eterna de que um dia um leitor chegará para montar meu quebra-cabeças desprezado e desvendar os códigos que deixo para trás.

03 de março de 2014

Loser

Sometimes I'm just tired of always losing the fight, of always being the loser. No matter how hard I try, how far I go, I will always be behind. And I can try to spend my life pretending I'm not competing, but I'm already in. One doesn't choose to fight. Everyone is born in the game. And, apparently it's a game I'll never win.
And I'm just tired. Just tired of being left behind. But there's no other place to me.
How naive it was to believe this connections. Naive to think we whished each others well. Our eventuallies always come first. There are no loyal allies, only temporary partners, momentary abusers. The quicker you learn, the smaller the fall.

01 de março de 2014

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Vida de casada (for dummies)

E como vai a vida de casada?
Mais fácil me dizer o que você prefere ouvir sobre minha vida de casada.
Você quer ouvir sobre como fico cansada por trabalhar e ainda arranjar tempo para cuidar da casa? Ou quer saber sobre como eu e meu marido tentamos dividir as tarefas por igual? O que você quer ouvir hoje?

Desde que me casei certamente muita coisa mudou.  Algumas coisas foram bem previsíveis e nós já tínhamos planos detalhados sobre como lidar com cada coisa. Outras nos pegaram de surpresa mesmo!

Sempre pudemos prever o tédio, o cansaço e o desanimo de ter que executar diversas tarefas domésticas. Afinal, a casa precisa ficar limpa e organizada, e ninguém gosta de fazer isso (especialmente depois de ter madrugado e passado um dia cansativo no trabalho). Por isso, tentamos desde o início dividir as tarefas e compartilhar responsabilidades. Nem sempre é fácil. Às vezes fica uma sensação de fadiga ou de revolta por achar que um está fazendo mais que o outro. Mas, sabemos que se a revolta aumentar, precisamos rever se a divisão está justa. Isso foi planejado e tem ocorrido com menos problemas do que provavelmente teríamos se não tivéssemos planejado nada.

Também não foi surpresa nenhuma ver que a maioria das dicas de DIY (faça você mesmo) que aprendi de fato tornariam nossas vidas mais leves e descomplicadas. Sim, estudar é bom. E, sim! Estudei formas mais práticas de fazer tarefas do dia-a-dia e isso tem se provado bem válido. A internet ajuda muito quem não tem experiência, até pra te fazer perceber que nem sempre o jeito que sua mãe sempre fez é o melhor pra você.

Outra coisa que não me surpreendi foi com o meu marido como pessoa. Sempre me alertaram sobre como o homem muda depois de casado, que você descobre coisas e blablablá. Sim, ele tem váriaaaaaaas coisas que eu não gosto, muitos defeitos, mas a maioria deles não é nenhuma novidade para mim. Nada de super surpreendente surgiu com o casamento... Mais do mesmo... Então, sim, ao menos até agora os que disseram que meus dez anos de namoro não serviriam para nada depois de casada estavam errados! Ele não virou nenhum mostro depois que mudamos pro mesmo lugar. Em geral, continuamos sendo nós mesmos.

Das coisas que me pegaram de surpresa, a primeira foram as outras pessoas. Sim, as outras pessoas! A reação das pessoas quando você casa é incrivelmente bizarra às vezes. Não sei se acabam falando besteira porque elas não sabem mais como agir ou o que dizer, já que você se tornou afinal uma pessoa casada (como se tivesse que mudar muita coisa)! Mas, de qualquer forma, é bizarro! Muita gente veio me perguntar sobre as fucking tarefas domésticas, loucas para saber o quanto eu estava esfregando, passando lavando, etc. Vi na cara de muitos uma ansiedade louca pra conseguir arrancar de mim alguma desgraça da nova vida de casada. E para o descontentamento de muitos, é difícil sim, mas não absurdo. E eu não sou a única responsável pelas tarefas domésticas, pelo amor dos meus filhinhos! Estamos no século XXI!

Quero distância dessa mentalidade medieval! Ah! E isso tudo antes de comentários extremamente desrespeitosos sobre o quanto eles acham que meu marido engordou desde que casamos.ah! Tenham dó! Conheço ele com a palma da minha mãe e sei bem que isso não aconteceu? Esses mesmos são os que se mostram incrivelmente desapontados quando digo que dividimos todas as tarefas e se desesperam quando digo que ele cozinha mais que eu. Como se isso fosse um ultraje! São os mesmo que dizem que eu "não pareço casada". Raios! Que porra é alguém parecer casada! Só por que ainda estou linda, jovial, alegre e magra?! Kkkkkk.... Deal with it!!
Concluí que algumas pessoas são como abutres, esperando a desgraça, ansiosos pra ver sua miséria, só talvez para não se sentirem sozinhos na sua podridão. Vão ao léu!!!

O único mal agouro que de fato sento foi algo estranho, na verdade. A proximidade cria às vezes a impressão de distancia. Temos a impressão de que ocasionalmente nos perdemos, nos afastamos, estamos ali só de corpo presente. E isso é também um hábito. Um bem corrosivo. Pela primeira vez temi pelo meu casamento de fato. Porque isso parece tão intangível, tão difícil de entender, apontar e estudar que parece longe de uma solução final. Não consigo apontar bem o que é nem quando ou como ocorre, mas é uma tendência a impressão de distancia, um afastamento (mesmo que só como impressão), uma desconexão. Mas, por hora estamos nos concentrando a lembrarmos de quem somos. Estamos tentando voltar com velhos hábitos juvenis. Afinal, ainda somos as mesmas pessoas. Precisamos lembrar, lembrar de tudo que queríamos fazer, e que finalmente podemos!!

Enfim, há muito mais para contar sobre esse momentos de transição. São muitas percepções que só se tem olhando desse ponto de vista. E me arrependi por não ter escrito mais. Acumulei tanto a dizer que não sei por onde começar... Bem, aqui está.

Ps. Comentem suas percepções... Mandem um inbox..... ;)